o guerreiro mestre Manoel Venancio

GUERREIRO PADRE CÍCERO : UMA EPISTEMOLOGIA LOCAL

 

O que emerge deste objeto em estudo? Observar o processo como as representações culturais ocorrem, longe dacâmeras de tv, aquele lugar onde a mídia não alcança. Desta forma, tentamosalcançar o corpo Brincante, mais propriamente o corpo do brincante na dança doGuerreiro alagoano, e lá encontramos o mestre Venâncio e seu Guerreiro PadreCícero. O ponto fundamental de nosso questionamento, o conhecimento que seproduz e se traduz  em cada corpobrincante, dentro do barracão por meio da brincadeira como ele acontece? Quedinâmicas corporais são utilizadas? Como são aprendidas e passadas estasdinâmicas?Perceber o corpo  físico noritual da brincadeira, o conhecimento empírico que envolve a tradição ancestralda herança do fazer-se ou tornar-se brincante. Dona Noêmia interpreta a rainhapossui 76 anos, seu pai e sua mãe foram rei e rainha do Guerreiro, dança desdepequena. Dona Maura hoje é mestra de Baianas e possui uma banda de pífanos,antigamente possuía um grupo de Guerreiro, mas, devido as despesas e falta deapoio vendeu a sanfona, coisa que até hoje se arrepende, pois, nunca mais podeadquirir outra, atualmente brinca o Guerreiro com o mestre Venâncio. O mestreVenâncio possui o seu Guerreiro há 32 anos e costuma dizer sempre “ EsteGuerreiro está provado”, aprendeu com o pai que era cantador de Pagode,aprendendo então a tocar viola, da viola passou para o pandeiro, tornando-setambém um grande mestre do Côco Alagoano.Diz com orgulho que: quando morrerdeixará a cultura de Alagoas plantada, pois seus filhos, participam dabrincadeira, o mais velho toca o zabumba, o filho que possui 10 anos é oMateus,  e a mais nova com 06 anos éfigurante Durante seus ensaios o Mestre sempre espera as pessoas chegarem,  as mesmas chegam aos poucos, aos poucos todosse misturam e as crianças são as que melhor se integram e brincamdescompromissadamente, saem e entram a hora que querem, lembrando um poucoaquela lição da Pedagogia indígena, onde as crianças são respeitadas einteragem com os mais velhos sem obrigatoriedade  e neste vai e vem, no fluxo do brincaracontece o aprendizado das danças e das músicas.

Não há uma preocupação em corrigir os passos, pois cada um adquire e adapta seu sapatear a dinâmicaincorporada.Quem chega atrasado vai entrando e esta espontaneidade no fluxo daspessoas  também se constitui como formade aprendizado, o importante é chegar e brincar e brincando se vive e seaprende. É a brincadeira, segundo o depoimento da maioria dos mestres é o que osmantém vivos. 

A brincadeira do Guerreiro nasce híbrido, constitui-se híbrido e permanece híbrido. Como separar o que secoisifica? Nesta mistura há: O ìndio Peri, Toré, Caboclinhos, Pastoril,O bumbameu boi e Reisados, mestre, embaixador, rainha e outras presenças, tornando abrincadeira uma construção semântica do corpo, que inclui a presença dosapateado e uma utilização sincopada por meio do pisar no chão.

Há uma discussão antiga sobre  cultura popular versus culturaerudita, no entanto, podemos ter a Arte como ponto essencial de vivência,pensar em Arte como patrimônio cultural de um povo, artisticamente  produzida torna-se produto cultural.

O Guerreiro se constitui como uma belíssima ópera, que não se apresenta por completa, pois sua apresentação na“íntegra” contava de 03 a 07 horas, exatamente pela falta de apoio para oscustos, assim, como, uma pseudo inserção dos mestres num mercado cultural,pois, para apresentar-se por contrato, são obrigados a diminuir ou excluiralgumas partes, entre elas, está uma das mais importantes, a parte do índioPeri, que dura por volta de uma hora ou mais, e está desaparecida dorepertório.

Sentimos o peso da gestão pública, na promoção das políticas culturais que resignifiquem nossasconstruções históricas, destacando suas tradições criando organicidade, assimcomo, canais efetivos de interação e integração, pensar no processo deconstrução do conhecimento e do produto ou resultado que se obtém disto, não sepreocupando apenas com  a culturaenquanto entretenimento, porém como meio de construção do sujeito, onde esteconhecimento produzido dentro da brincadeira é o seu maior bem. 

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