Publicado por VALERIA PINHEIRO el 1 de Marzo de 2009 a las 12:10pm
“Possui verdadeira música em si só aquele que compõe uma sinfonia afinando a harmonia do corpo com aquela da alma”Platão, Timeo, IX, 591 d.Apresentamos "Caçadores de Pipa”, espetáculo que mergulha na história do samba e faz pontes com as manifestações e ritmos da tradição nordestina que parecem compor a história e trajetória do samba, cujo nascedouro está na África negra. Ritmos como: como o Côco, o Batuque, o Samba de Crioula, Samba de Roda e tantos outros serão nossas trilhas de investigação até chegarmos ao samba de raiz.O desejo primordial foi de desenvolver uma pesquisa de linguagem estética que colocasse o corpo e todas as suas atribuições em questão, não só do que se constitui, mas que significações são dadas a ele e como ele produz e sofre modificações de seu produto: a cultura.Desse mote tiramos à cultura do corpo brasileiro, o corpo que se mexe no Rio de Janeiro, no sertão do Pernambuco, nas ladeiras da Baixa do Sapateiro em Salvador, nas terras quentes do sertão do Ceará, no Recôncavo Baiano.... Que influências os ritmos que originaram o samba imprimiram nesses corpos?"O Corpo no Ritual", esse tem sido nosso foco de pesquisa nos últimos anos. Nesse universo vasto, tomamos como recorte o corpo no ritual do Candomblé, Santeria e Xâmanismo, que originaram o nosso segundo espetáculo da trilogia: “Bagaceira, a dança dos Orixás", e mais recentemente apresentamos o terceiro espetáculo dessa trilogia: “Bagaceira, a dança dos Ancestrais”, que retratou nosso mergulho dentro do universo dos índios Kariris.Em “Caçadores de Pipa” abordamos o corpo no ritual dos ritmos angolanos, que chegaram ao Brasil com os negros africanos no começo de nossa história, aqui encontraram o povo nativo, entre eles os índios Kariris e mais tarde, com influências européias, dessa fusão parece ter nascido o ritmo que define o Brasil no mundo: o Samba _ Semba!Aqui abordarmos a relação entre a influência da modernidade na construção dos instrumentos que ao serem fabricados e transformados a partir dos originais, também trouxeram transformações ao samba de raiz, embora saibamos ainda existir uma carga de tradição presente nesse universo. Recortamos as influências dessas matrizes corporais que compõem esses homens “senhores do samba”, “os malandros”, “as cadeiras sensuais ladeira acima ou abaixo”, e experimentamos em nossos corpos urbanos, corpos estes, mergulhados nas informações que a contemporaneidade e a velocidade cotidiana das informações lhes imprimem.Foi mote que mergulhamos. E de forma poética e romântica, abordarmos esse corpo na sua mais pura forma de movimentação, com a sua relação mais próxima do “humano”, aqui traçaremos pontes com as ferramentas e técnicas que já vêm sendo abordadas pela Cia. Vatá nesses últimos anos: o sapateado e as matrizes de corpos das danças tradicionais brasileiras, em especial a nordestina.“Caçadores de Pipa” é um musical onde o corpo assume vários devires, tendo como principal objetivo, grafar o espaço no tempo atual com referências à nossa ancestralidade, fazendo disso uma cartografia de identidades que nos auxilia conhecer cada vez mais o território ao qual pertencemos e nos dá subsídios pra entendermos melhor o universo que protagonizamos.O processo desse espetáculo foi muito rico para a Cia. Vatá. Iniciamos nossa pesquisa em Salvador berço de entrada do “semba”, e seguimos a trilha percorrida nessa diáspora do negro africano no Brasil.A decodificação e entendimento dos signos experimentados por nós, quando da vivência in loco, nos levaram a criar uma técnica e desenvolver um corpo ágil e preciso, pronto pra assumir de forma híbrida, devires múltiplos: voz, movimento, interpretação, e ritmo. Afinal o “corpo” que entendemos ser originário e mais próximo dessa influência do samba, são os corpos sensuais, ágeis e multifacetados dos brasileiros_ Nossos corpos!E viva a força do samba no Brasil!Valéria Pinheiro
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