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Este é um espaço dedicado à troca de informações, experiências e vivências.SoBuenas!
Eu sou a Priscila Patta, no meio artístico a maioria das pessoas me chama de Patta.
Sou uma artista da dança. Passei longos anos dançando em companhias, como funcionária e como freelancer.
Completei 30 anos no dia primeiro de outubro e tive minha primeira grande reflexão sobre a minha vida:É isso mesmo o que eu quero continuar fazendo/sendo?
A primeira vez que coloquei uma sapatilha nos meus pés foi aos 3 anos de idade, e nunca mais tirei. Minha mãe conta que eu dançava o tempo todo, todos os dias. Nas filmagens de infância do arquivo da família eu só apareço dançando.
Todas as minhas memórias afetivas têm a dança envolvida nelas.
Desde os 7 anos de idade que ganho cachê com dança. Já nesta época eu comprava “minhas coisinhas”: parte do material escolar, meia-calça para o balé, rede para os cabelos, uma blusinha nova e pé de moleque. Aos 13 anos fiz minha primeira viagem com a dança. Fui para Ouro Preto dançar na Casa da Ópera. Aos 15 anos eu viajei para mais de 200 cidades de MG. Aos 17 anos fui primeiro lugar no maior festival de dança do mundo (Joinville) com o grupo de dança do ventre para o qual eu dançava na época. Mas nós fomos desclassificados porque usamos tochas e era proibido pelo festival. Aos 19 anos eu entro para a Cia de Dança Será Quê?; permaneço lá por oito anos, e me profissionalizo na dança. Aos 25 anos eu me mudei para a Colômbia sem falar um “buenos dias”, aos 26 fui para a Venezuela, aos 27 retornei para o Brasil e abri minha empresa – Código Movimento. Aos 28 fui para a Dinamarca convidada por uma companhia a fazer um teste com eles. Minha bagagem foi extraviada. Lá fazia -17°. Mas eu fui finalista entre 200 pessoas. Visitei o leste europeu sozinha, falando um inglês mais ou menos. Nesta viagem eu descobri que menos é mais. Que eu não tenho medo de estar sozinha. Que não tenho medo em me arriscar. Que gosto do desafio. Que sou curiosa. Que o silêncio é um aliado. Que ser observadora de mim mesma me ajudou a ver fora de mim. Descobri que gosto de frio. Gosto muito. Amo! Aos 29 eu decidi fazer meu segundo solo em dança. Aprendi a importância de me resguardar. Fiz alguns auto-enfrentamentos, cruciais para a minha história.
Eu não tenho vínculo religioso.
Meu universo sempre foimulticultural.
Já fiz uma residência artística na Colômbia com um grupo de europeus. Já fiz uma residência artística emBH com uns franceses, outra com italianos, outra com um iraniano, e outra em Ipatinga, com brasileiros mesmo. Trabalhei com artistas consagrados, com artistas anônimos, dividi o palco com um dos 10 melhores bailarinos do mundo, estudei nas melhores escolas de dança por onde passei, dei aula em universidade sem ter passado por uma, fiz assistência de direção de uma Cia colombiana, dancei em inauguração de livros, em casamento e batizado árabe, já produzi eventos de literatura, música e dança, festivais de amigos, mostra de alunos.
Já dei aula de dança do ventre a uma libanesa. Conheci o Pantanal, o Planalto Central, e a zona rural por causa da dança. Já morei sozinha, compartilhei receitas e dívidas, voltei ao ninho dos pais e vivi da boa vida, por causa da dança. Já dancei para os outros, fiz dietas e me enfiei nos bolos, saí dos eixos e sonhei bons sonhos, por causa da dança. Comi carne de javali, japonês, tailandês, comida do Havaí, cortei isso e incluí aquilo, por causa da dança.
Já dormi em hotel 5 estrelas, de frente para o mar, atrás da Igreja, em colchão de creche, ginásio, escola, pousada de senhora, por causa da dança. Dancei balé, dança de salão, forró e até axé! Jazz, moderno, flamenco e afro o mundo todo! Fiquei na dança árabe e essa tal de contemporânea, que ninguém explica, mas que todo mundo ama. Adoro falar em outros idiomas! Sou trilíngue e almejo falar 10 idiomas– pelo menos.
Eu ganho dinheiro com dança para investir nos meus estudos e projetos com a dança.
Já trabalhei por temporada em loja de roupa, de chocolate e de óculos. Nunca suportei mais do que três meses. Meus três meses de baixa temporada com a dança.
Eu sou uma artista convicta. Nunca tive dúvidas quanto à minha escolha profissional. Não consigo me desvincular daquilo que faço para ganhar dinheiro. A Priscila não é diferente da Patta.
Não me sinto privilegiada por fazer aquilo que gosto. Para mim, optar por ser feliz é o caminho natural das coisas. Quem faz o contrário é que é antinatural, na minha visão. No fim, ambos são escolhas.
Não me sinto especial por ser artista. Para mim é natural, já que desde que aprendi a andar me expresso dançando.
Entretanto, como escolhi a dança como forma de vida, hoje, que eu tenho a minha empresa, eu me “movo” em direção ao sucesso da minha carreira. Hoje entendo que ser feliz pode ter a ver com ser próspero. Estou descobrindo como. Gosto muito de uma frase do Paulo Coelho que diz: “Caminhante, o caminho é feito ao andar”.
Movimento é o meu lema.
E é pra frente que eu ando.
Patta
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Muito obrigada e fiquem à vontade!
Priscila Patta
CÓDIGO MOVIMENTO é uma agrupação artística que desenvolve pesquisas em linguagens do movimento tendo como enfoque o código pessoal de dança, independente da técnica eleita.
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