PAULO (12)

Em maio do ano passado, durante o processo de criação do espetáculo "Tá rolando o bafon!", criei uma enquete que buscava respostas para a seguinte questão: QUAIS SÃO OS INGREDIENTES NECESSÁRIOS PARA FAZER UM ARTISTA?, houve mais de cem respostas de amigos, artistas, acadêmicos e variantes, e essas participações, de um modo ou de outro, permearam o processo de criação e se fizeram presentes na criatura. Mesmo depois das temporadas de "Tá rolando o bafon!", algumas pessoas continuaram respondendo, e o espetáculo meio que se estende e permanece acontecendo também pela grande rede. Aproveito para compartilhar com vocês esses feitos.

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Realmente é incrível o que esta interferência vem causando.
   Ontem às 10:04 da manhã, horário de Gent - Bélgica, postei no facebook da companhia que o vídeo que mostra a nova interferência da MEMBROS apresentada no festival Dança em Trânsito, havia alcançado pouco mais de 200 visualizações, mesmo sendo um video muito especifico e de 10 min, um pouco longo para os conceitos atuais da rede. Fizemos a interferência as 17h da tarde. Em menos de um dia o video quase duplicou seu numero de visualizações.
   Sem contar o efeito causado pelo trabalho nas pessoas daqui.
   Para entender um pouco mais, veja abaixo o vídeo feito pelo pessoal do teatro Vooruit:

E veja aqui o vídeo da apresentação anterior:
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JAM NA CASA DAS CALDEIRAS, contato improvisação e música e arquitetura e arte e ambiente e história e dança e

Como parte do TODODOMINGO, desta vez a JAM é no térreo da CASA DAS CALDEIRAS, no SALÃO DOS TANQUES, um espaço com piso de madeira, pé direito monumental, e densa memória arquitetônica da São Paulo industrial que não existe mais.

 

JAM é um ambiente para a experimentação de diferentes possibilidades de dança e de experimentação do movimento corporal. Não é uma aula, não é uma oficina, nem um espetáculo, e acontece a partir das ações singulares de cada participante e das múltiplas interações que se fazem possíveis.

 

Especificamente nesta JAM, sugerimos que nossa atenção também passeie pelo espaço em que estaremos, que vejamos em que medida nosso corpo e nossa dança se transformam, quando dialogamos com o espaço e nos deixamos atravessar por ele.

 

Será que podemos lidar com o espaço como um “outro” com quem entrar em contato e dançar?

Para participar, não é necessária nenhuma experiência anterior, todos os que quiserem partilhar esse encontro são bem vindos dançando, assistindo, tocando, desenhando, ando, indo...

 

domingo, 28 de agosto de 2011, das 18h às 20h


TODODOMINGO

CASA DAS CALDEIRAS - Avenida Francisco Matarazzo, 2000, Agua Branca, São Paulo


venha com uma roupa confortável, maleável, macia, elástica, solta, bonita

 

entrada gratuita!


contato improvisação


organização: Ricardo Neves, Isabela Valent, Maíra Silvestre, Pedro Peñuela, Eduardo Jorge Canella, Fa Bia, Larissa Pretti

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Membros Cia. de Dança em Campinas

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   A MEMBROS cia de dança se apresenta em Campinas/SP no dia 26 de maio com duas ações distintas, às 10h na rua 13 de Maio (próximo à Catedral) e às 14h no estacionamento da Concha Acústica Lagoa Taquaral. Trata-se do prêmio Artes Cênicas na Rua, promovido pela FUNARTE, o qual a companhia foi contemplada pelo projeto Meio-fio que prevê ações de ocupação de espaços urbanos, tendo como cenário a rua e sua arquitetura.
   A Membros é sediada na cidade de Macaé/RJ, tendo uma trajetória peculiar no cenário internacional, sempre tratando o corpo na sua dimensão estético-política.
   Em especial para a cidade de Campinas as interferências privilegiam momentos que unem dança, música e performance, depois segue a Membros para São Paulo com intervenção na Praça da Sé às 17h. A homenagem em Campinas é para a rapper Dina Di, uma das inspirações musicais utilizadas na composição da obra "Meio-Fio".

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Membros Cia. de Dança em Campinas

1305760860_joao_braz.jpg   A MEMBROS cia de dança se apresenta em Campinas/SP no dia 26 de maio com duas ações distintas, às 10h na rua 13 de Maio (próximo à Catedral) e às 14h no estacionamento da Concha Acústica Lagoa Taquaral. Trata-se do prêmio Artes Cênicas na Rua, promovido pela FUNARTE, o qual a companhia foi contemplada pelo projeto Meio-fio que prevê ações de ocupação de espaços urbanos, tendo como cenário a rua e sua arquitetura.

   A Membros é sediada na cidade de Macaé/RJ, tendo uma trajetória peculiar no cenário internacional, sempre tratando o corpo na sua dimensão estético-política.
   Em especial para a cidade de Campinas as interferências privilegiam momentos que unem dança, música e performance, depois segue a Membros para São Paulo com intervenção na Praça da Sé às 17h. A homenagem em Campinas é para a rapper Dina Di, uma das inspirações musicais utilizadas na composição da obra "Meio-Fio".

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DANÇA EM FOCO EN VIVO POR STREAMING PARA LOS NO ESTAN EN SAO PAULO

Acompanhe o Festival ao vivowww.dancaemfoco.com.br/aovivoParticipe mandando suas perguntas e observações pelo Twitter @dancaemfoco14 set, 3af, 19h30 - Palestra com Billy Cowie e Liz Aggiss17 set, 6af, 19h30 – Palestra com Thierry De Mey21 set, 3af, 19h30 – Diálogos com Dainara Toffoli e Jorge Garcia22 set, 4af, 19h30 – Diálogos com BijaRi e Luiz Fernando Bongiovanni
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Notas del taller impartido por Marlon Barrios los días 10, 11 y 12 de septiembre en el Centro Cultural de España en Sao Paulo.Este taller forma parte de Red en Movimiento, un programa de capacitación en ideas, herramientas y nuevas tecnologías de trabajo en redes artísticas y culturales impulsado por la Red Sudamericana de Danza. Este proyecto se llevará a cabo en diversos eventos de danza latinoamericanos en 2009 y 2010 gracias al apoyo de la Agencia Española de Cooperación Internacional para el Desarrollo – AECID y el Instituto Humanista para la Cooperación con los Países en Desarrollo Hivos.dance-tech.netdance-techTVInterviewsSESION 1:vidaarteprocesoproductoinvestigacionconocimientocreatividadcolaborationarte investigacioncreacion collaborativaproceso creativoPlan, estrategia, acionOrganizacionCoordinacionComo estamos conectados?Conectividades?ContactosMovimientosgentes, lugares, ideas/interesesTransporte y ComunicacionMediacion en espacio y tiempoPresencia??Historia/s/storytellingJonathan Harris: We feel FineRegistrosTransmisionSincronia y AsincroniaCambios Generales Mundiales siglo 21Economia Global/mercadoIniciativas transnacionalesMovimientos sociales urbanosNuevas tecnologiasInterconecion Ecologica/ImpactoConcecuencias:Zonas Translocales de AccionEstructuras de soporte a comunidadesAumento de esferas de influenciaSuperposiciones espacialesIntensification del contacto y de "contaminacion"Mayores cambios dentro de la sociologia/dinamismo de las redes culturales:Creatividad Connectada/distribuidaEspacios de Intercambio/differentes tipos de espaciosEspacios Contestados/rastros emergentesMundos Paralelos/coexistenciaPlanes y estrategies/coexistencia: design top-down/bottom-upProduccion ColectivaTrabajo orientado el procesoPlataformas transversales de projectosCirculacion/EmergenciaUso y modificacion de redes existentes y creacion de nuevasUso autodeterminadoGeografia Movible/FluidaQue es una red?Relaciones Vs ObjetoGregory BatesonUna forma de OrganizacionUna forma de operar/protocolo de interaccionUn Proceso Geneativo en si mismoConecionesProcesosCursos de accionintercambio entre todos estos aspectosPromete Flexibilidad!En reded la organizacion se convierte un fin en si mismo: es el contenido y el logroreflejan la logica de la vida socialPlataformas de accion politica/intervencion de sistemas

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Pristina HouseMarjetica PotrcLjubljana-based artist and architect.Muchos ejemplos! artistas y gestores culturalesRed Sudamericana de DanzaSweet and Tender/Prisma/....Exito o fracaso/para quien/Laboratorio/investigacion...LegislacionPrincipio de Generosidad:Artistas o actorescrean espacios de:experimentacionproduccioneducacionintercambio de informacion y conocimientoCompartir recursosexposicion/muestrahospedaje/anfitriones/"couch surfing"SistemaEjercicioautomatizaciontransmisionorganizacion/indexacionlimites/boundarySESION 2CAMBIOS ESTRUCTURALES Y FUNCIONALES TECNOLOGICOS:Infrestructura de Fibra opticaProtocolos y estandaresConvergenciaMiniaturizacionPortabilidadConectividad masiva dentro del disenio urbanoGran Capacidad de almacenamiento y rescate/llamada de datos en forma interactivaData base driven websites (PHP/Mysql)Video/procesamiento de la images con Flash video/flash serversAjax (procesamiento en el browser)Bajos CostosAccesoMovimientos Sociales/culturales:Open source/free softwarePublicacion de APIdesarrollo collaborativo/inteligencia distribuidaNuevos modelos de produccion y atribucion de derechos de autoriaCambio FuncionalArquitecturas Bottom-uppermiten participacion de los usuarios en el desarrollo de contenido y organizacion de contenido.reflejan la logica de la vida socialSitios web de estaticos a dinamicos/ informacion es dinamica y cambiente creada por los ususariosEL NUEVO INTERNETSOCIAL!!Cambios FUNCIONALES:XMLXHTMLCSSPHPMYSQLAPACHELINUXFLASH VIDEOImplicaciones para:publicacion, prensa, mercadeo, investigacionIndustrias de reproduccion y distribucionENTONCESWEB2.0Proceso/proceso/procesoServicio no productoParticipacion en el desarrollo del contenido (PROSUMER)Platafomas que cambianEsfuerzo colectivomuchos a muchosTransparenciaAuto-organizacionSubir, bajar,lateral:transmision horizontal"sideloading"RSS

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API Application programing InterfaceAGREGADORGeneradores de Codigo de insertar (embedding) VIRALLista de AgregadoresProjeto RSSificadoEjemplos...DanceBloggersColaboratorioDance Theater Workshop, NYCProject52Clytemnestra ReMash ChallengeColaboratorio en Movimiento.orgProducion y estrategias:-Cambiente/correccionesConstant Beta-Interaccion/ CONVERSACIONES-Objetivo y Target: audiencia, publico, ususario-Equipo de colaboradores-Quien es la voz institucional? Tono?-Blogs personales/blogs intitucionales/publico/personal/organizacional-Transparencia como estrategia-Formalizacion de colaboracion en procesos organizacionales.-Comunicacion interna? blogs, google apps, barcamp, intranets-Blog como toma de notas en publicoMULTIMEDIA:BloggingLIVE BLOGGINGLIVE VLOGGINGMicrobloggingLIVE STREAMINGDOCUMENTAL/entreviestaExperimental/Calidad de produccion?CinemaTVInternet Nativo??Produccion en Nube/conectado por etiquetas, categorias y palabras claveOpen KnowledgeInteligencia hibrida por colaboracion:ProsumerColaboracion/sapling/remisxing/mashupsAsociaciones semanticasInteligencia asociativaTags/etiquetasFolksonomiesBusquedas e indicesRed SocialMedios SocialesPlatforms:Presencia Distribuidatexts/images/moving images/sound filesSelf HostedSaaS Sofware como ServicioWEB BLOGSSite/Blog: cronologica/categorizada/etiquetadaWordpressHosted/SaaSWikiWiki WikiAbajo Internet Explorer!!FIREFOX/MozilaMedia SharingPhotosharing:picasaFlickrmovimiento.orgVideo:You TubeVimeoBlip.tvMicroblogging: TweeterBROOKLYN MUSEUM 1st FansNorah Zuniga ShawGrabando Skype conversaciones:Social bookmarkingDeliciousSITIOS EN EL INTERNET COMO REDES SOCIALESFACEBOOKCUENTA PERSONAL Y PAGINASTodos los camimos conducen a FacebookORKUT in BrasilCREA TU PROPIA RED SOCIALBroadcasting:LIVESTREAMHACERSE MIEMBRO DE MOVIMIENTO.ORG PARA TENER UNA PLATAFORMA PARA PRACTICAR E ILUSTRAR CONCEPTOS.UNIRSE AL GRUPO DEL TALLER AQUIAUTORIA Y DERECHOSDERECHOS DE AUTOR: CREATIVE COMMONSGenerador de LicenciasLawrence LessigCool stuff:We MediaUnleashing Web 2.0: From Concepts to CreativityClay Shirky: author of "Here Comes Everybody" The Wealth of Networks (pdf)Documentary on Networks (science)The Nature of Networks/Author: Felix StalderNetworked CulturesFotos del Taller:
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Abiertas inscripciones para el taller Culturas Conectadas – Los medios sociales y la creatividad colaborativa en comunidades translocales. Actividad organizada por el Centro Cultural de España en Sao Paulo en asociación con Red en Movimiento, programa de capacitación impulsado por la Red Sudamericana de Danza. El taller será impartido por Marlon Barrios los días 10, 11 y 12 de septiembre en el Centro Cultural de España en Sao Paulo. Inscripciones en www.ccebrasil.org.br.

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Política antropofágica do corpo

Texto apresentado na Conferência Internacional Repensando Teoria e Prática, em junho de 2007, no CND Paris-França, e originalmente publicado no site da Red Sudamericana de Danza Por Paulo Paixão • 11/10/2007 A dança como pensamento A dança é um espaço privilegiado para perceber o caráter inseparável entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Quando o corpo dança, ele elabora teorias sobre seu próprio fazer. A normativa que incide sobre os sistemas de pensamento: Procedimento de análise, a explicitação das leis que regem o fenômeno e a linguagem especializada que o explica, também incidem sobre o corpo quando ele dança. As ações do corpo na dança são, de modo inseparável, pensamentos sistematizados sobre o universo que ele articula no espaço. Quando ele dança, ele seleciona os procedimentos que melhor atendem as necessidades geradas entre sua potência singular, o contexto envolvido e os objetivos prévios traçados. Da mesma maneira, à medida que a dança acontece, vão se explicitando no espaço as leis que condicionam seu estado atual e é o acontecimento desse fenômeno, dinâmico subjetivo, que inaugura a linguagem específica pela qual temos acesso a seu universo sígnico poético. Não existe uma instância puramente mecânica, isentas de subjetivação, na ação de um corpo que se coloca em atitude socialmente convencionada como representação. Representação aparece aqui em duas acepções do termo, a primeira que se refere ao efeito da ação da arte e a segunda ao conteúdo apreendido pelos sentidos, pela imaginação, pela memória ou pelo pensamento. Todo corpo que dança, mesmo que não queira, mesmo que não seja consciente, representa elaborando simbolização de modo organizado. A natureza coreográfica tem caráter proposicional, ela estabelece relações entre os diferentes termos que apóiam o sentido da estrutura, em uma obra de dança. Num âmbito particular, para aqueles que a realiza, a coreografia é o resultado de um exercício de elaboração onde hipóteses foram testadas e aquelas que se meta-confirmam são reunidas e provisoriamente apresentadas. E num âmbito geral, quando a coreografia é compartilhada com a comunidade, ela concorre ao status de conhecimento intervindo no sensível, provocando deslocamentos conjunturais e se inscrevendo na história como produto simbólico de um contexto e de um tempo específicos, tal como os sistemas de pensamento. Teoria e prática não se separam, seja na dança de um corpo ou na crítica que reflete sobre ele. Ambas são de natureza intelectual e performática ao mesmo tempo. Dançando um corpo constrói doutrinas e um pensamento para existir como tal age pelo mundo. Sobre a natureza do pensamento como ação o trabalho I of the vortex, from neuros to self (2001) do neurocientista Rodolfo Llínas[i] é esclarecedor, e em relação à dança como pensamento a Teoria do CorpoMídia (2005) defendida pelas teóricas de dança Christine Greiner e Helena Katz[ii] nos dá os elementos que reforçam nossas hipóteses. Tratando das finalidades, é importante demarcar que ambos, tanto a dança como os sistemas de pensamento, visam à conquista de dominós e desenvolvem relações de poder através do controle de seus universos especializados. Muitos trabalhos nos dois ambientes foram elaborados sobre esta questão. A descrição da racionalidade ocidental como “instrumentalização da razão” feita por filósofos alemães, reunidos na Escola de Frankfurt como Adorno, Marcuse e Horkheimer, é um bom exemplo da reflexão sobre o exercício teórico como uma ação de dominação, poder e controle[iii]. E a obra coreográfica trio A, de Yvonne Rainer, poderia ser um exemplo paralelo na comunidade de dança que ao se apresentar colocou em questão a racionalidade coreográfica, no sentido da sua eficiência, especialização e produtividade elucidando seu caráter de dominação e exclusão[iv]. Teoriacão políticaestética Antropofagia No Brasil o filósofo e poeta que propõe uma teori-ação política-estética é Oswald de Andrade través do canibalismo, metáfora orgânica inspirada na cerimônia guerreira da imolação pelos tupis dos inimigos valentes[v]. Trata-se de um gesto contra o modelo de sociedade patriarcal o qual estamos historicamente ligados. Seu pensamento é organizado como um impulso biopsíquico em cadeias de imagens que ligam a intuição poética densa à conceituação filosófica esquematizada, aquém de qualquer sistema e um pouco além da pura criação artística, um banquete antropofágico de idéias. Sua intervenção inseparavelmente teórica-prática marcou historicamente a experiência de vida de um Brasil traumatizado pela repressão colonizadora que lhe condicionou o crescimento. Foi um ato contra os mecanismos de controle sociais de ordem política, os hábitos intelectuais e as manifestações artísticas marcados pelos efeitos da catequese. Tratou-se de um pensamento de ordem ritualista e selvagem como prática rebelde que nos levaria a revolução caraíba que seria a união de todas as revoltas eficazes na direção do homem, pela substituição do histórico pelo transitório, do tempo cronológico da civilização, marcado pelo trabalho produtivo, ao tempo dos processos da vida. A sociedade pretendida pelo antropofagismo teria base matriarcal e sem repressão, onde a violência se descarregaria no ritual antropofágico. A finalidade desse ritual seria transformar o tabu em totem, através do parricídio canibalesco, incorporação num ato de extrema vingança a alteridade inacessível. Tal filosofi-ação tem em no horizonte da utopia o motor das possibilidades humanas. Aspira uma sociedade que ritualizou a violência da rebelião individual numa reação anticolonialista, degultidora dos imperialismos. A ruptura com a sociedade matriarcal deu-se quando o homem deixou de comer seu semelhante e passou a escravizá-lo[vi]. Na sociedade paternalista o fundamento comum do poder está ligado à autoridade do pai e a de deus, que reproduz o modelo colonial de governo. A conquista espiritual dos jesuítas se transfere à ação e o pensamento do messianismo. São messiânicas as religiões e as filosofias de transcendência que têm conseqüência nas doutrinas paternalistas do estado forte, inclusive na ditadura do proletariado, no surgimento da figura privilegiada do mediador e instrumentos morais e jurídicos de repressão que aspiram subserviência em proveito da ordem ou equação dos conflitos antagônicos entre classes sociais ou entre indivíduos. Na sociedade paternalista o trabalho torna-se o meio e o fim da existência, reduto da escravidão que oferece ao patriarcado seu ponto de apoio. A reivindicação antropofágica é pela priorização do sentimento lúdico, pelo espaço da criação artística num circuito que oscila entre o amor e a morte. Corpo político antropofágico A produção de dança no Brasil tem seus muitos diferentes exemplos de corpos políticos antropofágicos, como queria Oswald Andrade, e eu gostaria de dar um exemplo que a meu ver é um ícone de deglutição político-estética da produção do pensamento-ação em dança nos últimos anos. Trata-se da obra O samba do crioulo doido de Luiz de Abreu. Já na primeira cena alguns índices de como é que Luiz organiza suas idéias dançantes se insinuam. Aparece uma silhueta de um corpo na escuridão em frente de uma cortina feita não por uma, mas por dezenas de pequenas bandeiras do Brasil que se mostram translúcidas pela incidência da luz que vem do lado oposto ao que o corpo se encontra. E de forma fragmentada também se ouve na voz de uma cantora negra cuja historia eu contaria se tivesse tempo e que se chama Elza Soares que canta: a carne mais barata do mercado é a carne negra! Mais adiante, quando a luz ilumina Luiz, ele começa a fragmentar os movimentos de seu corpo como se realmente estivesse executando um auto esquartejamento, sempre com humor e ironia. As cenas que estou apresentando aparecem na ordem e seqüência em que são mostrada no espetáculo. Daí ele faz alusão a um riso ensaiado, um dos estereotipas que constituem o imaginário do ser brasileiro para o estrangeiro e logo após ele apresenta uma coreografia executado pelo seu órgão sexual ao som de um repique, tradicional instrumento de uma bateria de escola de samba. Sambando ele prepara o banquete que virá no final, sobre a trilha sonora de uma receita tradicional brasileira cantada em francês. E por fim ele pega um pedaço do que seria a cortina do fundo, esse já faltando pedaços e veste deixando que saia pra fora dos buracos existentes às partes do seu corpo que são ao mesmo tempo tabu e totem da relação de exploração colonizadora a qual vivemos sistematicamente. Até o momento que ele introduz uma parte da bandeira em seu ânus quando seu banquete antropofágico chega a seu ápice. Devorando os dispositivos normativos geopolíticos Por uma inversão dos mapas de representação Tendo em vista o fenômeno cada vez mais crescente da imigração e a crise das identidades culturais, os conflitos para ajustar os mapas de representação de si e do outro se tornam agudos. Um regime antropofágico não sofreria tal dilema, pois celebraria uma devoração mutua das oposições que daria a cada uma das partes a forca do outro em prol do homem. O Brasil tem cinco séculos de experiência antropofágica e quase um de reflexão sobre a mesma, a partir do momento em que, ao circunscrevê-la criticamente Oswald a tornou consciente. De fato nosso know how nos dá condição de participar de modo fecundo do debate que se trava internacionalmente em trono da problematização do regime que hoje se tornou hegemônico, assim como da invenção de estratégias de êxodos do campo imaginário. A dança de Luiz elucida essa nossa competência na medida em que ao destrocar vorazmente os estereótipos do ser brasileiro ele usa sua potência e traz para o visível e dizível as mutações da sensibilidade engaçando as cartografias vigentes lutando por configurações mais justas, contra todo tipo de imperialismo. O regime de subjetivação que nos impele as imagens veiculadas pela publicidade e pela cultura de massa, regido pelo capitalismo em sua versão contemporânea, também conhecido como “capitalismo cognitivo” ou “cultural”, faz parte de uma política de subjetivação flexível diferente da ética de flexibilidade de subjetivação antropofágica. Se a primeira é insuflada e glamourizada como identificação hipnótica, a segunda representa uma liberdade de criação motivada por uma escuta das sensações que assimilam os efeitos da existência do outro no que Suely Rolnik chama de Corpo Vibrátil: capacidade subcortical que nos permite aprender o mundo em suas condições de campos de forças que nos afetam e se fazem presentes em nosso corpo sobre a forma de sensações[vii]. Com ela, o outro é uma presença viva feita de uma multiplicidade plástica de forças que pulsam em nossa textura sensível, tornando-se assim parte de nós mesmos. Em quanto à ética do “capitalismo de cognitivo” aproveita-se da fragilidade provocada pela desterritorialização subjetivas para oferecer territórios outros já prontos constituído por suas imagens e prometem o paraíso neste mundo bastando para isso investirmos toda nossa energia vital - desejo, afeto, conhecimento, intelecto, imaginação e ação - para atualizar em nossa existência estes mundos virtuais de signos, através do consumo de objetos e serviços que os mesmos nos propõem. A ética antropofágica propõe a construção de territórios com base nas urgências indicadas pelas sensações - ou se, os sinais da presença do outro em nosso corpo vibrátil. São em trono destes sinais e de sua reverberação nas subjetividades que respiram o mesmo ar do tempo e que vão se abrindo possíveis na existência individual e coletiva. O que o Brasil tem para ensinar A dança é uma forma de conhecimento cuja natureza dinâmica é ao mesmo tempo uma forma elaborada de subjetividade. E a reflexão sobre ela é um sistema de pensamento e também ação. Ambos os modos de expressão - coreográfico e critico - concorrem nos universos das micropolíticas ao poder por uma vontade de verdade e tem como realidade sistêmica as normativas do “capitalismo cognitivo”. O corpo político antropofágico poderia ser uma possível alternativa aos efeitos hipnóticos e alienantes conseqüentes deste contexto. Numa perspectiva antropofágica o conhecimento se difundiria pela devoração da força do outro e uma obra coreográfica sempre celebraria um banquete antropofágico de idéias. Livre de repressão, as identidades baseadas em subjetivações flexíveis pela sensibilidade da presença do outro em nosso corpo vibrátil não esperariam uma providência paternal para os conflitos nem buscaria o paraíso. A emergência de tal prática representaria um efeito imprevisível de pequenas perfurações na massa compacta da brutalidade dominante que envolve o planeta hoje. ________________________________________ [i] London: Bardford Books.[ii] São Paulo: Annablume e também Katz, Helena. um, dois, três, a dança é o pensamento do corpo, Belo Horizonte: Fid, 2005 .[iii] Para um aprofundamento maior sobre o assunto ver Chauí (2004, p.236) ed. Ática e a aula inaugural proferida por Michel Foucault em dezembro de 1970, publicada no Brasil pela Loyola 2001.[iv] Para maior debate sobre o assunto ver Terpsichore in Sneakers de Sally Banes, Boston: Houghton Mifflin company (1979). [v] Vero Obras completa: Oswald de Andrade, utopia antropofágica. São Paulo: Globo (1990). [vi] Ver A origem da família, da propriedade privada, e do Estado de Friedrich Engels, Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas 1960. [vii] Ver Geopolítica da Cafetinagem de Suely Rolnik em: http://www.rizoma.net/interna.php?id=292&secao=artefato .
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