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Não vá se perder por aí, por Rachel Souza

Não vá se perder por aí Você agora desenha monstros em árvores e ri sozinho sem estímulo aparente. Está ficando louco. Queria ser escultor quando mais novo e agora, aos 77, tenta resgatar o tempo do sonho se embrenhando em matagais e parques no meio da cidade. Quem passa comenta, alguns com respeito outros com deboche e desprezo. Fazem pouco caso de seu talento e de suas proposições. São grandes bestas, talvez até maiores que você. Criaturas sem poesia e sem tessitura ocupando espaço no mundo. Sei disso tudo e, por essas e outras questões, te admiro. Você se permite o ridículo, isso é lindo e pra poucos! Amorzinho, desocupei um espaço da casa especialmente para suas atividades artísticas. Não é nada majestoso, mas é digno e suficiente para um homem de seu tamanho. Contente-se com a vida real! Compreendo suas razões e sua tentativa de fuga das mesquinharias diárias, da mediocridade gratuita. Você é sábio, nossos filhos te amam e nossos netos sentem orgulho de surfar com um avô manchado de tinta. Mas creio que esteja exagerando em algumas coisas, outro dia cismou que era um urso e pior, eu uma galinha! Isso não se faz com um amor de anos, com uma história como a nossa. Já superei todo tipo de maluquices e traições, agüentei calada escândalos de amante em padarias e dividas no botequim, mas isso é impossível de suportar. Preciso de um tempo. Por Rachel Souza, foto e texto.
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Primeiro dia com Zeynep

Zeynep começou ontem, terça-feira, a residência no CoLABoratorio, junto a outros 16 artistas, sendo duas convidadas dessa residência especificamente: Gabriela Alcofra e Raquel Souza. Em seu primeiro dia e trabalho, Zeynep propôs um exercício de improviso em cima de um material bem peculiar: cartas endereçadas à ela, em turco, de um mesmo homem, em diversos momentos de sua vida, com endereços também diversos. Cada artista escolheu uma carta, que será um primeiro passo para instigar o trabalho de improviso, que tem como fim responder ao remetente desconhecido uma "carta-performance".Para cada artista, a coreógrafa deu dicas do contexto da carta, algumas palavras ou frases, imagens literais ou abstratas. Todos anotaram em seus cadernos esse primeiro levantamento de idéias. O próximo passo é partir para o movimento. Que possibilidades no corpo pode trazer uma carta, numa língua desconhecida, de um remetente desconhecido, levando em consideração a individualidade de cada afetação, de cada artista e sua maneira de receber e ser contaminado por isso?Essas perguntas e outras que ainda surgirão, são a válvula de engrenagem para minhas reflexões, nesse olhar privilegiado, de observadora interna, no projeto CoLABoratorio. Rachel Souza também registrou suas impressões em seu blog, basta clicar em seu nome para acompanhar.
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Amor, uma carta por Rachel

Rachel Souza, artista convidada para residência com Zeynep Gunsur no projeto CoLABoratorio, desenvolveu dois textos durante o trabalho com a coreógrafa turca. Esses textos fazem parte da "carta-performance" criada por Rachel na proposta "Uma carta para Cemal | uma carta para...". A proposta previa uma reposta criativa à Cemal, amigo de Zeynep, com quem se correspondeu por cinco anos. Influenciados pelas referências das mensagens de Cemal, os participantes criaram uma resposta para alguém querido. A artista fez uma releitura poética da imagem que a carta remetente continha em palavras. Vamos publicar as cartas de Rachel em duas edições, a primeira chama-se Amor e a segunda chama-se Não vá se perder por aí. Amor, dúvidas e vingança.

Na terrível zona de sombras habitada pelos amantes em desalinho eles se debatiam. Pelo freio da polidez quase santidade, ele sobrevivia. A carne roxa, dura, tensa. Nunca suas diferenças foram tão flagrantes quanto agora, um casal avesso pelas pálpebras, antiestético, antiético e sem futuro feliz. Ela uma galinha, ele um urso. Ela soberba, Ele sórdido. Eles, uma tarde. Sem muito se importar, ela passa por ele. Vira as costas. O ignora solenemente. Ele, palpitando o amor partido, mantém uma expressão cordial. Rosto plácido, sereno. Talvez não esteja feliz, mas aparenta um contentamento satisfatório. Semblante de promessa e um rabisco inicial. Desenha sobre uma tela presa na árvore algo ainda indecifrável. No outro lado da vida-folha o rabisco forma uma figura assustadora, ele mantém a expressão de contentamento misturado a algo menos nobre. Os caroços da memória e lampejos de libido. E espasmos de lucidez. E a figura feia e ela com medo. Ela totalmente entregue à imagem. A bichinha está assustada, apavorada, com as penas murchas, postura de quem perdeu. Quer chorar e não sabe como. Voltou por medo, covardia, dúvida, falta de entendimento. Ele cruel. Ela galinha. por Rachel Souza – para o CoLABoratorio, foto e texto
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A letter to Cemal / A letter to...The proposal is writing a “performance letter” to a person that is really important to you through studying – researching/ re-reading/ re-imagining- the letters of a very dear friend of mine, Cemal Soysalan. These letters written in 5 years time span have a lot of emotions, ideas, life-experiences, in short they contain a search of a human being who searches his place in this world. I hope through re-reading these letters (which are written in Turkish by the way), everyone will find his/her own way of writing a new letter.The concept of reading includes opening the channels of alternative perceptions and all kinds of bodily/mental research. So the participants are expected to create various material (textual/visual/bodily/movement based, etc). In the end each one would present a short version of their letters.The research also includes the perception of “being together” in a space, in a relationship, in various plateaus. That would be one of our aims in the end of 3 weeks: trying to sense the tangible moments of being together in this search.Zeynep GunsurTraduçãoUma carta para Cemal | uma carta para...A proposta é escrever uma "carta-performance" para uma pessoa que é realmente importante para você através do estudo - pesquisando | relendo | re-imaginando as cartas de um amigo muito querido meu, Cemal Soysalan. Estas cartas escritas durante um período de 5 anos tem muita emoção, ideias, experiências de vida, resumindo elas contém a busca de um ser humano por seu lugar nesse mundo. Eu espero que relendo essas cartas (que foram escritas em turco, a propósito), cada um vai encontrar seu jeito próprio de escrever uma nova carta.O conceito de leitura inclui abrir canais de percepções alternativas e todos os tipos de investigação corporal\mental. Então é esperado que os participantes criem materiais variados (textual | visual | corporal | movimento baseado, etc). Ao final, cada um apresentará uma versão resumida de suas cartas.A pesquisa também inclui a percepção de "estar junto" num espaço, num relacionamento, em patamares diferentes.Isso seria um de nossos objetivos no final de 3 semanas: tentando sentir os momentos concretos de estar juntos nessa busca.Zeynep Gunsur
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Estamos encerrando mais uma residência artística do projeto CoLABoratorio, que nesse quinto mês do programa recebeu Zeynep Gunsur, da Turquia, como coreógrafa residente. Durante seu trabalho com os artistas participantes e convidados, Zeynep desenvolveu uma proposta de criação baseada em cartas que ela recebeu de um mesmo remetente ao longo de cinco anos. Os artistas trabalharam com as imagens e referências que as cartas continham - todas estavam escritas em turco - e com exercícios de improvisação. O resultado é uma carta-performance movida sob influências diversas, inclusive sob a própria troca entre o grupo. Por isso gostaríamos de compartilhar com todos o resultado desse trabalho, fruto de um laboratório colaborativo. O encerramento de residência será feito no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, no dia 28 de setembro, sexta-feira. Endereço: Rua José Higino, 115 - Tijuca (Studio 1 | 3º andar) Horário: 11h Dia 28 de agosto.
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