Publicado por Paulo Paixao el 5 de Diciembre de 2009 a las 2:53am
São realmente notáveis as “ações Petrobras\MINC”. Tem-se a impressão que o Brasil entrou numa nova hera Gustavo Capanema (1900-1985) (Ministro da Cultura do governo Getúlio Vargas). A hera Capanema diz respeito ao momento em que o Brasil experimentou uma tomada do desenvolvimento tendo a arte como Carro Chefe. Na gestão de Capanema Portinari e Vila Lobos fizeram careiras internacionais, a Biblioteca Nacional, fundada por D. João VI, foi restaurada e suas atividades foram dinamizadas, foram criados diversos museus em diferentes regiões do país, havia um plano nacional para o teatro e para dança, em fim neste período o Brasil viveu a experiência real de uma política pública para arte. Na fase atual da ação do governo sobre a cultura o mérito dos projetos é inquestionável! Investir na cultura indígena como está fazendo a ação Prêmio Culturas Indígenas é super importante, talvez o mesmo investimento (R$ 2. 300.000,00), ou mais que isso deveria ser investido para que os povos indígenas tivessem seus territórios respeitados. O Prêmio Cultura Viva (R$ 2.500.000,00) apóia a “diversidade de iniciativas culturais”. São iniciativas sem apoio, pouco conhecidas do grande público, porém com grade valor social. Essa iniciativa realmente tem meu louvor. A preservação da cinematografia brasileira através do Programa Restaurando Filmes (R$ 3.500.000,00) tem mérito inquestionável. O incentivo a produção de imagens de um Brasil bucólico, em cidades que tenham menos de 20 mil habitantes, através do Projeto Revelando Os Brasis (R$ 2.108.462,00) desse eu tenho dúvidas! Não do mérito da proposta, mas da prioridade, uma vez que em grande parte dessas cidades as condições básicas de vida (saúde, moradia e educação) são inexistentes. A pessoa idosa realmente precisa de espaço, respeito e dedicação e os R$ 993.750,00, vindos da Petrobras pelos canos do Ministério da Cultura, podem iniciar uma mudança dessa realidade. Incentivar os negócios da música com R$ 2.400.000,00 eu acho super bacana. A criação de um centro de conservação do livro e do papel com R$ 5.000.000,00 na USP é honestamente admirável. Investir R$ 1.576.800,00 no design o brasileiro para ornar as repartições públicas segue bem a linha Capanema, haja vista o prédio com arquitetura revolucionária concebido por Lúcio Costa, Niemeyer, coberto por tapetes Burle Marx etc. A radiofonia (R$ 974.000,00), um portal para as artes na internet (R$ 1.000.000,00), a revista de história da biblioteca nacional (R$ 1.500.000,00) o cinema legendado para surdos (R$ 450.000,00), arte para deficiente (R$ 576.960,00), a disseminação do conhecimento arqueológico (R$ 2.500.000,00) me parecem coisas de primeiro mundo. Mas uma observação eu não posso deixar de fazer, não há nem um projeto na área de conservação e memória das casas centenárias de espetáculo existentes espalhadas pelo todo Brasil. Ou mesmo sobre a memória e divulgação de figuras ilustres do teatro e da dança brasileira, muito deles, por ser uma categoria de trabalhadores especial, e por esse motivo não tem aposentadoria nem seguro desemprego muitos vivem hoje como indigentes, apesar de terem serem verdadeiros patrimônios culturais. A música aparenta ser um bom negócio e uma feira só vai potencializar as suas diferentes transações. O teatro e a dança se refletem nas ações Petrobras\MINC como péssimos negócios, nem uma ação direta para a área foi pensada. Do total de R$ 26,3 milhões que envolvem a totalidade de investimento nem um centavinho vai para programas que tenha o teatro e a dança como centrais. As cênicas devem ter ficado obsoletas, devem ser hoje coisa do tempo do Capanema. A categoria lamenta o desrespeito. Paulo Paixão.
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Publicado por Neto Machado el 20 de Agosto de 2009 a las 7:05am
Ola todos,Por favor, leiam atentamente a carta produzida por artistas paranaenses de todas as áreas disponível no link abaixo.É muito importante para o Paraná que todos que concordem com as questões apontadas na carta se manifestem assinando o abaixo assinado que está disponível no site:http://www.antropofocus.com.br/abaixoassinado.phpNeste link você pode encontrar a carta na integra.Aqui vai um pequeno resumo:"Nós artistas, produtores e comunidade, certos da importância para toda a sociedade das manifestações artísticas e culturais, vimos através desta, manifestar nossa insatisfação em relação à ausência de políticas públicas levadas a cabo nos últimos seis anos através da Secretaria de Estado da Cultura para os diversos seguimentos artísticos, bem como nossas preocupações quanto às diretrizes para os anos remanescentes desse governo. Como artistas e cidadãos, exigimos que o senhor Roberto Requião, Governador do Estado do Paraná, assuma uma atitude objetiva de promoção e de implementação imediata de políticas públicas de cultura que contemplem a produção, a circulação, a formação e a pesquisa em arte através de leis e editais, bem como garanta a acessibilidade da arte paranaense ao maior número de pessoas. Com esse manifesto esperamos que esse governo entenda que a arte é um bem comum e que é função do Estado dar suporte para que a arte abra espaço na vida dos cidadãos e se faça presente como proposição de mundo. Nos colocamos a disposição para um diálogo aberto e franco com os administradores públicos estaduais."Fico muito agradecido pela atençao de todos,Neto Machado.
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Publicado por Luzia Amélia el 2 de Mayo de 2009 a las 12:38pm
Nós da Cia Luzia Amélia, resolvemos aqui em nossa Teresina, subverter a idéia de comemoração em torno do dia da dança, propondo para a cidade questões específicas do nosso fazer artístico. Fizemos uma performance itinerante e simultânea em várias paradas de ônibus e dentro de um ônibus que nos levou para a universidade federal. Invadimos a universidade, invadimos a biblioteca, queríamos com essa atitude chamar atenção para questões sérias como a implantação urgente de um curso superior de dança em Teresina, a necessidade de se pensar políticas publicas efetivas para a dança e cutucar os outros profissionais para a necessidade dos artistas bailarinos, coreógrafos refletirem e não apenas se deixarem levar por uma atividade meramente braçal, servindo para a maquiagem de eventos. Não somos apenas cenários, nossa atividade pode e deve gerar conhecimento. A cada ponto de ônibus, um de nós entrava com figurinos improváveis. Ouvi um jovem falando que ia seguir até o final, mesmo saindo de seu caminho só para ver o que iria acontecer - um misto de alegria e ansiedade invadiu seus olhos. As pessoas dentro do ônibus, por sua vez, não sabiam o que fazer, ao mesmo tempo estavam, ainda que a contra gosto, participando ativamente da performance. Foi poético, emocionante, desconcertante. O motorista e o cobrador pareciam nossos companheiros de arte, nos olharam com uma cumplicidade, como se nos conhecessem, e dançaram também. Na biblioteca central da universidade, parada final de nossa jornada, nos sentimos como corpos vindos de outras realidades, corpos proponentes e não marionetes, vivos, sujeitos do nosso processo. As reações foram as mais diversas, teve gente que dançou, tirou foto, riu baixinho, riu alto, se encolheu, silenciou… já quase no finalzinho um estudante bradou: “Isso é uma palhaçada! Eles não deveriam estar aqui, aqui não é o lugar deles”. Uma professora angustiada respondeu no mesmo tom: ”Isso é arte!”. E nós continuávamos ali imersos naquela aventura de dança, sentindo, suando, nos fazendo espaço e querendo espaço, em uma atitude deslocada de se dançar aonde se busca saber. Terminamos mais fortes e conscientes de nossa realidade artística, bailarinos, sertanejos, piauienses. E no nosso corpo, a pergunta: onde é mesmo o nosso lugar?
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