contemporânea (13)

Chamada: dançarino contemporâneo ou flamenco

Chamada aberta para dançarinos contemporâneo ou flamenco, que têm interesse em trabalhar com o tango argentino, a participar de nosso grupo.
Não é necessário ter conhecimento em tango ou dança de salão.
Ensaios serão realizados no centro da cidade de São Paulo,  terça-feira e quinta-feira de manhã.
Os interessados por favor escreva para emiliaandrada.tango@gmail.com para obter mais informações.
Obrigada.
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DOMÍNIO PÚBLICO: videos do projeto

o PROJETO DOMÍNIO PÚBLICO realizou durante o ano de 2012 10 videos-arte com diferentes colaboradores e suas ações performáticas, confira:

ODE AO ÓCIOZONAS ERÓGENAS, BANQUETE PARA LOS PERROSCABEÇA PARA ABELHASSINFONIA PARA OS POMBOSLIVRE INICIATIVAMATA REDONDAD DE DESEJOADOTE-MEIN RISCO

 

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caderno virtual dos registros da pesquisa

Dois mil e onze chega, Janeiro começa. Espero o dia de reis para dar ‘início’, ou na verdade, para oficializar o começo da Pesquisa Poética Acerca do Sapateado: o Entre a Técnica e a Tecnologia.

Que relações existem e (co) habitam o Entre a qual me refiro nessa pesquisa?

Dois lugares permeiam meu pensar. A existência de um entre onde poderia / posso procurar, agora, através da constituição de uma fisicalidade onde mergulho na busca, consciente, de um corpo do sapateador que traz consigo uma presença de tensões e atenções. E pergunto? Como deixar essa fisicalidade que é tão presente quando a atenção do corpo está voltada para ela, como deixar à mostra e com isso, estar dando a ver? A aproximação dos sensores com a parte tecnológica na programação de informática no uso de Isadora é a proposta que transitarei, também, nessa pesquisa. O outro lugar habita na observação e no mergulho do corpo do brincante. Observar aquele corpo e ficar atenta à descoberta de um corpo presente, ou seja, a existência de um corpo presente na sua totalidade (?).

Seis de janeiro e em Fortaleza acontece na reitoria da Universidade Federal um encontro de reisados. Antes que qualquer motivação passional acerca dessa manifestação sente a necessidade de relatar o choque que tive com a invasão / interferência de fotógrafos ‘profissionais’ e da imensidão de câmeras digitais e filmadoras do / no público. Preciso confessar que tinha levado a câmera filmadora para captar imagens dos brincantes como material de pesquisa de campo, no entanto estive no conflito da dualidade: assistir (participando) e registrar e diante da realidade que encontrei no que deveria ser um encontro de celebração fiquei ‘zangada’ com o não respeito que acontecia naquela invasão do terreiro do brincante. O Mateus agora está com um corpo outro, um corpo onde a interação com público e com a brincadeira não é mais prioridade, ou não são as únicas prioridades, o Mateus se preocupa em pousar para o registro, para aquilo que ficará para a posteridade. Não, quero aqui, condenar e apontar as tecnologias, como vilões, não seria a pessoa ‘correta’ para fazer isso, mas penso sobre como seria a melhor forma de coexistência desses novos corpos. Fica, aqui, a questão, pauta para a elaboração de um próximo texto.

Voltando para o corpo do brincante e sobre o lugar que me interessa como pesquisa corpórea. Observo os corpos como pessoa que dança e que dança com um passado / presente que revisita de quando em vez, as danças da tradição, e justamente por isso, focalizo o corpo desse estudo no alcance desse corpo onde o ritmo existe e que difere do corpo ritmo do sapateador, o brincante traz consigo a potência dessa palavra, ou seja, ele brinca com o corpo através e para além do ritmo que permeia aquele terreiro. Desconfio que a diferença esteja aqui: o sapateador executa, estabelece e obedece um ritmo quando o brincante dialoga com o ritmo e pensa para além dele.  Pergunto: como aproximar esses corpos de forma que essa fisicalidade que pretendo construir seja consistente?

 

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Sábado e Domingo Marcela Levi encheu o imaginário do público com as cenas instigantes do espetáculo In-organic, uma experiência fora da ordem das palavras, mas no terreno da afetação do sensível, coisas que ainda não se acomodou numa lógica sintática. Essas cenas ficam tentado se ajustarem nos mapas habituais sem sucesso.

No segundo dia do projeto Autonomia e Complexidade Thereza Rocha fez um panorama da dança contemporânea no Rio de Janeiro observando que no início dos anos 90 iniciou uma cena importante na cidade. Entre outras coisas ela ressaltou que naquele momento os artistas tinham o hábito de se encontrarem e freqüentar as estréias uns dos outros, mas que hoje a situação já não é mais a mesma.

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A PID, evento internacional de dança contemporânea, realizado pela
primeira vez em 2009, surge do impulso da diretoria de dança da Fundação
Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), para proporcionar ao meio da Dança baiano
um evento que propiciasse visibilidade e acesso para a dança contemporânea
produzida no estado. Este impulso encontrou grande reverberação na classe
artística, massivamente convocada a participar.

A PID pretende ser mais do que uma vitrine de artistas, buscandotornar-se um celeiro de trocas artísticas e metodológicas, um espaço de
oportunidades de intercâmbios e produção de conhecimentos acerca do que
representa todo o labor da dança, além da importante missão de fomentar um
ambiente de conexão entre artistas da dança contemporânea baiana e o mundo.

A I Plataforma Internacional de Dança da Bahia, realizadaentre os dias 15 e 21 de setembro, em
Salvador, teve ênfase em
“conexão latino-americanas”, em virtude da falta de diálogo com
importantes vizinhos da América Latina.
Sua programação foi concomitante e complementar ao 8º Encontro
Anual da Red Sudamericana de Danza (RSD),
agregando a
este encontro excelentes oportunidades de troca criativa.

Oprojeto reuniu profissionais da dança de países sul americanos, promovendo
capacitação, circulação e cooperação através de mesas redondas, oficinas e
debates, além de dez espetáculos da Bahia e da América Latina. As oportunidades
de intercâmbios e produção de conhecimentos acerca da Dança foram criadas com
uma série de atividades promovidas: realização de espetáculos, residência
artística, workshop, espaço de intercâmbio criativo e catálogo digital dos
grupos locais.

Foram realizados 06 dias de evento, comaproximadamente 70 participantes, vindos de 06 cidades do Brasil (Curitiba, Uberlândia,
Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus e Salvador) e de 16 países (Argentina, Chile,
Colômbia, Bolívia, Venezuela, Equador, Reino Unido, Uruguai, Paraguai, Peru,
Estados Unidos, Porto Rico, México, Cuba, Itália e Brasil). O evento contou com
07 parceiras institucionais (SEBRAE, Bahiatursa, UFBA, Secult, Proceda, SESC
Ipiranga, Idança) e 16 colaboradores de 7 países parceiros (
Ministerio
del Poder Popular para la Cultura / IAEM – Venezuela, Diretoria de Dança da
Funceb, Dirección Nacional de Cultura / MEC - Uruguay, Centro Cultural de
España - Paraguay, Ilustre Municipio de Esmeraldas - Ecuador, Universidade
Federal de Bahia – Escola de Dança, Universidad Nacional Experimental de las
Artes – UNEARTE - Venezuela, Universidad de Puerto Rico, Programa de Estudios
de La Mujer y Género, Facultad de Artes de la Universidad Distrital – ASAB -
Colombia, Instituto Universitario Nacional de Arte - Argentina, Universidad de
Puerto Rico, FIPI, Itaú Cultural, Idanca.net, SESC Ipiranga, Proceda, Dimenti
).

A Bahia conquistou a credibilidadedestes parceiros e alcançou visibilidade através da dança.

Aproximadamente 750 pessoas assistiram aos espetáculos eperformances da PID, espalhados nos 4 espaços de apresentações artísticas (Foyer
da UFBA, Sala do Coro, Sala Principal do TCA, Cabaré Vila Velha) e 10 espaços
de trabalho (Foyer da UFBA, Sala 6/7, Teatro do movimento, Auditório SEBRAE, Sala
da pós, Espaço administração, Sala do Coro, Sala Principal do TCA, Cabaré Vila
Velha, Cantina, ruas de salvador).

Foram realizadas 10 apresentações artísticas; 01mini-residência sobre dança e antropologia, através de investigação em campo
nas ruas da cidade (projeto “Oráculo-Urbano”), 01 oficina de contato
improvisação, 02 capacitações sobre novas tecnologias e formas de trabalho em
rede com professores internacionais, 02 mesas de trabalho sobre Educação em
dança na América Latina e Epistemologia do Sul; o lançamento de 01 livro; além de espaços de convívio, troca, debates, exposição, avaliação e projeção.

Duas destas iniciativas foram inéditase merecem destaque no contexto de iniciativas locais: a
criação de um catálogo virtual, que agrega, valoriza e dá
visibilidade para grupos e artistas baianos, lançado com grande comemoração
durante o evento e a realização do Seminário Economia da Dança – Edição Bahia,
apoiado pelo SEBRAE.

Valedestacar que a PID contou com a total colaboração e cumplicidade dos artistas e
profissionais envolvidos, que torcem pelo projeto e por sua continuidade.

A
PID
2010 já está a pleno vapor! Estabeleceu-se uma comissão de curadoria que
trabalha na elaboração de um método de seleção de trabalhos, baseado em Fluxos
Colaborativos, tema deste ano. E outros nomes se chegaram a nossa equipe e
trabalham para sua realização neste ano.

Nossaconvocatória será aberta dia 07 de março e aceitaremos trabalhos até dia 31 de
maio deste ano.

Acompanhemnossas novidades no site da plataforma: www.pidbahia.com.br
ou esclareçam suas dúvidas pelos emails contato@pidbahia.com.br
ou pidbahia@gmail.com.




Abs,



Equipe PID–BA / 2010


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Oficinas na Casa de Pedra

A convite de Esther Weitzman, produzirei duas oficinas para o seu Studio Casa de Pedra, juntamente com duas amigas do coLABoratório (Festival Panorama de Dança). As amigas são Awilda Polanco e Didine Ángel, ambas artistas provenientes da América Central (República Dominicana e El Salvador, respectivamente). As oficinas, de técnica e criação em dança contemporânea, acontecerão ainda este mês. Para mais detalhes, clique aqui.
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Estreia: corpo quase palavra, palavra quase silêncio

Curtíssima temporada do trabalho: "corpo quase palavra, palavra quase silêncio", dentro do projeto Novos Coreógrafos - Novas Criações: Site Specific.Somente esse fim de semana, no Centro Cultural São Paulo.Estréia dia 14 de Novembro de 2009Sessões dias 14 e 15/11 às 17:00 e 20:00Link do vídeo no youtube:https://www.youtube.com/watch?v=g44MTWgzcj8Entrada GratuitaPraça das Bibliotecas / Centro Cultural São PauloR. Vergueiro, 1000 / São PauloConcepção, coreografia e interpretação: Mariana SucupiraColaboração coreográfica e dramatúrgica: Maristela EstrelaTrilha e intervenções sonoras: Aguinaldo Bueno e Erica ManfrediniLuz: André BollApoio e produção: Núcleo Cinematográfico de Dança, Imagens Nômades e Universidade Anhembi Morumbi.
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Outras Danças

Com Ernesto Gadelha e Alexandre Molina após do convite da FUNARTE pensamos e organizamos "Outras Danças": um festival de dança entre França e Brasil que coloca questões sobre globalização da estética na dança contemporanea. No evento vai ter apresentações, encontros de críticos francese e brasileiros sobre as apresentações, um seminario sobre o assunto e dois livros vão ser publicados nos dois idiomas.Viajando muito entre os dois países a gente se deu conta de de uma sota de contaminação dos códigos franceses de dança contemporânea. E uma pergunta surgiu : serà que esse fato vai diminuir as diferencias? Levy-Strausss sempre falou que a diferencia é a base da construção da identidade. Vamos indo na direcção de um mundo monocromático e com estéticas pasteurizadas? As instituições internacionais que apoiam os artistas para difundir as criações estão criando conscientemente ou inconscientemente uma estética dominante? Tem como evitar isso? Esperamos que esse festival, o seminário, os encontros críticos as residências cruzadas serão uma boa ocasião para trocar ideias sobre esses assuntos.---------------------------------------------------With Ernesto Gadelha and Alexandre Molina after invitation of FUNARTE I conceived and organized "Outras danças": a dance festival between france and Brazil that questions the globalization of aesthetics in contemporary dance. There will be a small dance festival a critic's confrontation over the pieces shown, a symposium, french and brazilian crossed residencies and proceedings of the symposium published in french and portuguese.Travelling often between France and other countries we have witnessed a sort of contamination of french codes. And the question was: isn't that diminishing the differencies? Levy-Strauss always sais that difference are the basis of identity construction. So, are we losing differences? Are we going towards a monochrome world, a monochrome dance? Are the international institutions that help artist to travel creating consciously or unconsciously a "dominant aesthetics"? Is there a way to avoid this? We hope that the festival, the symposium, the residencies and the critic's confrontation will be a good way to discuss and exchange ideas on those topics.Hope you can go.
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No SESC Consolação haverá a estreia no dia 15 de setembro do espetáculo de dança contemporânea She’s Lost Control com a Companhia Vitrola Quântica. De 15 a 18 de setembro de 2009. Terça, quarta, quinta e sexta, às 21h. Duração: 50 minutos. Local: Espaço Beta – 3º andar – 50 lugares Preços: R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, meia); R$ 2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). Ingressos à venda nas unidades do SESC e CineSESC. Horário de funcionamento bilheteria SESC Consolação: de segunda a sexta-feira, das 12h às 22h. Sábados, das 9h às 21h. Domingos, das 14h às 19h. SESC Consolação Rua Dr.Vila Nova, 245 Tel: 3234-3000 Continuaremos a nossa temporada também nos teatros: Galeria Olido Avenida São João, 473 - Sala Paissandu - Tel. 3334-0001 - De quinta à sábado 20hs, e domingo às 19hs. Viga Espaço Cênico R. Capote Valente, 1323 - Tel. 3801-1843 (6, 7, 13, 14, 20 e 21, as 21hs de outubro). She’s Lost Control tem como tema central a perda de controle, abordada sob a seguinte perspectiva: o controle enquanto equilíbrio e o descontrole enquanto desequilíbrio. She’s Lost Control é o nome de uma música da banda de rock inglesa Joy Division, que serviu de inspiração para nomear o espetáculo. A letra da música fala de uma mulher fora de controle. O autor da letra, Ian Curtis, vocalista da banda, escreveu a letra após observar uma mulher passando por um ataque epilético. Ele também sofria desta doença e suicidou-se aos 23 anos, em Manchester, na década de 1980. A companhia realizou pesquisas em obras na psicanálise, na filosofia e na literatura, de modo a encontrar palavras que auxiliassem na criação coreográfica. Assim, foram trabalhados: o ensaio inédito A Música do Tempo Infinito, do psicanalista Tales Ab’Saber (que fala sobre a perda de controle na noite, nas boates, na balada, nas drogas, na música); o romance O Idiota, de Fiódor Dostoievski (que tem descrições impressionantes da epilepsia, que é a doença que inspirou a canção); a série de livros Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust (que descreve o descontrole ligado à memória involuntária); e os ensaios filosóficos de Walter Benjamin sobre a modernidade (que abordam a falta de controle dentro da vida urbana). Um trecho do ensaio de Tales Ab’Saber - “Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais de fato pode começar a qualquer momento (...) Lá todos os tempos se estendem, e noite e dia se transformam em outra coisa(...)”. - foi traduzido criativamente para uma atmosfera que permeia todo o espetáculo: uma casa noturna que nunca fecha, uma festa que jamais termina, uma experiência diferenciada do tempo, uma visão alucinógena do dia e da noite misturados, um ponto da busca da felicidade que pode converter-se em seu oposto, assim por diante. Mas não foi somente nos textos que a Cia. Vitrola Quântica foi à procura de inspiração para a dança. A perspectiva interdisciplinar é um dos eixos estruturadores do trabalho, e por isso a companhia procurou por parcerias com renomados artistas e pensadores brasileiros. José Miguel Wisnik (músico e ensaísta), o coletivo Bijari (grupo de artistas especializados em intervenções urbanas), Eduardo Climachauska (artista plástico), Olgaria Matos (filósofa), Instituto (coletivo de produtores musicais) são alguns dos nomes que freqüentaram os ensaios e tiveram participação importante no processo criativo. Uma interdisciplinaridade que está no processo e também na própria concepção, uma vez que o espetáculo é dirigido por uma bailarina (Julia Abs) e um cineasta (Daniel Augusto).
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Amphi por Thaís Gonçalves

Amphi: um sopro em torno do corpo-pedestre Thaís Gonçalves Recentemente ouvi de um artista da dança, que certa vez assistiu a um ensaio da companhia de Pina Bausch na Alemanha, que a coreógrafa dizia a seus bailarinos sentir falta de um ‘vento’ no palco. Isso me fez pensar por outro prisma na idéia de ‘sopro em torno de algo’ que está na raiz da palavra ambiente, originária do grego ‘amphi’ (‘em torno de’), como descreve Helena Katz no texto O coreógrafo como DJ, publicado no livro Lições de Dança 1 (1999, p.15). Essa forma de pensar a dança e o ambiente como sopro levou-me a perceber uma riqueza de nuances no espetáculo Amphi, última criação de Aspásia Mariana, apresentado junto com a bailarina Roberta Bernardo, no mês de junho de 2009, no projeto Quinta com Dança, do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O som marcado e ressoante de uma guitarra elétrica aliado a luzes coloridas piscando no escuro do palco me descolaram de um ambiente já dado e percebido. Naquele tempo e espaço cênico que começava a se constituir, uma ampliação de sentidos expandia em mim uma vontade de partilha, de sair de mim e ir ao encontro, despertada por um estranhamento ao que se anunciava ainda sem nome, sem conceito, sem um a priori. As bailarinas interagem com as luzes que piscam, riscando-as no espaço com as mãos, deixando rastros de partes de seus corpos que surgem e desaparecem, num jogo de visibilidade e invisibilidade em trânsito. E então uma faixa de pedestre é desenhada em feixes de luzes, atravessando o palco de uma coxia à outra. Em uma tela ao fundo, imagens de cruzamentos da cidade, de aglomerado de pessoas em trânsito, no trânsito, a transitar nesse ambiente cotidiano que a artista pinça para atravessar em nós uma presença da vida na relação com a arte, abrindo ali a possibilidade de produzirmos pensamentos, emoções, sentidos distintos diante de situações aparentemente habituais e iguais. Neste momento a platéia entra na cena, sendo convocada a levantar-se e a perceber seu em torno, cumprimentando quem está a sua direita, à esquerda, à frente e atrás. Afinal, qualquer dia cada um de nós pode voltar a cruzar com estas pessoas, no inusitado tempo e espaço da vida cotidiana, como brinca conosco o texto apresentado na tela. Esta parte do espetáculo me trouxe uma sensação diferente do que o autor Luiz Camillo Osório chama de ‘subjetividade em trânsito’, que nesta obra ganham outra possibilidade de percepção. Tem sido bastante comum nos discursos a cerca da arte contemporânea pensar a arte como algo que acontece ‘entre’, na relação artista e espectador, que não é fixa, imutável, hierárquica, mas dinâmica, móvel e relacional. Nesse contexto contemporâneo, não há sujeitos previamente constituídos, mas subjetividades em construção e desconstrução, que territorializa-se e desterritorializa-se ao mesmo tempo, em fluxos intensivos, em trânsito. Que em Amphi pode acontecer ao som de buzinas e roncos de veículos, porém uma subjetividade em tessituras que nos fazem percorrer caminhos mais sutis e que me interroga em dança: que corpo é esse, de que cidade se trata, que dança é essa? que relações estão sendo estabelecidas? Um corpo pedestre: poderia ser uma resposta? Lembro-me de Yvonne Rainer, da geração da Judson Church que promoveu, nos Estados Unidos das décadas de 60 e 70, uma radicalização de experimentos reunindo bailarinos e não-bailarinos, onde toda e qualquer regra foi abolida para que novidades pudessem ser criadas com o mínimo de contaminação dos referenciais já dados – ‘corpos pedestres’, como descreve a professora da Universidade de Paris 8, Isabelle Ginot, em entrevista à OlharCE – publicação da Bienal Internacional de Dança do Ceará. Estes experimentos passaram a ser nominados de dança pós-moderna e, em mim, despertam um universo referencial que vem à tona quando ouço o som do carro da pamonha anunciando: “Atenção freguesia, o mais puro creme do milho verde está chegando no seu bairro. O carro da pamonha se aproxima. Atenção. Alô alô freguesia. Olha aí, olha aí, olha aí freguesia. Temos a melhor pamonha de São Paulo. Venha saborear o mais gostoso e delicioso curau de São Paulo. Pamonhas fresquinha, curau fresquinho. Uma maravilha de pamonha. Uma maravilha de curau. É uma delícia de curau. Pamonha caseira. Pamonha, pamonha, pamonha”. Som que se contrapõe, ao mesmo tempo em que dialoga, com as bailarinas que, cada uma em um foco de luz e com uma placa de papelão à sua frente onde inscreve-se “VENDE-SE”, vão vestindo peças de roupa, sobrepondo umas sobre as outras, numa acumulação de vestes que vão ainda me remetendo tanto ao espetáculo Mauvais Genre do coreógrafo francês Alain Buffard, apresentado em Fortaleza na Bienal Internacional de Dança do Ceará em 2005, como ao trabalho do também francês Jérôme Bel intitulado Shirtology. A proposta de Amphi é distinta em relação à proposta artística dos coreógrafos franceses, porém fricciona em mim uma nova maneira de pensar os vínculos entre signos e sentidos, entre o estético, o ético e o político. O que estaria ali à venda? São instantes de precipitação até a chegada em mim do vento, do sopro que nos faz sentir, perceber, vivenciar o em torno, como quando uma chuva se anuncia e chove. Na grande tela ao fundo do palco, uma sequência de gravação é exibida pela perspectiva de quem percorre a cidade, no caminho para casa, em uma bicicleta. Contrapondo novamente o som da cidade, que quase sempre acabamos por associar a barulhos desagradáveis, Aspásia Mariana nos convida a compartilhar com ela um percurso de sentidos cuja trilha sonora é All my loving (Todo meu amor), música dos anos 60 dos Beatles, que nos diz: “Feche os olhos e eu irei te beijar | Amanhã sentirei saudades de você | (...) Vou fingir que estou beijando | Os lábios que sinto saudade | E esperar que meus sonhos se tornem realidade | E enquanto estiver fora | Escreverei para casa todo dia | E mandarei todo o meu amor pra você”. Nesse cruzamento entre imagem em trânsito e no trânsito alinhavado com Beatles, começo a sentir um vento em torno de mim, como se eu estivesse a guiar a bicicleta, num tempo e espaço que não é o da cidade em seu cotidiano, mas a cidade que me habita e que, em nesta relação estabelecida com o espetáculo Amphi, me fazem “ver com os olhos do espírito”, como também fala o autor Luiz Osório, referindo-se à filósofa Hannah Arendt que, em sua obra, diz que o homem moderno teria perdido a capacidade de pensar e de sentir, portanto também de agir politicamente no mundo. Penso que Amphi tem em si uma potência latente em construção que já é forte o suficiente para nos surpreender e nos falar, portanto uma obra da ordem do partilhar conosco uma escuta que diz respeito à época vivenciada, percebida e imaginada por Aspásia Mariana, uma artista inquieta que procura “zonas de turbulência, zonas de caos, onde os movimentos sutis, ainda inclassificáveis, tomam origem. É procurar penetrar nessa zona de risco e desposar o seu movimento – e devir, e criar”, como pontua o filósofo português José Gil, no livro Movimento Total: o corpo e a dança (2004, p. 169), ao tratar da obra da coreógrafa americana Yvonne Rainer. Que venham mais sopros tão autorais quanto estes a nos fazer deslizar ‘em’ e ‘de’ nossa realidade insistente para nos transformar e disseminar em nós sentidos, confrontar idéias e instaurar em nós regiões de ressonância em fluxos artísticos. Sopros de suavidade, intensidade e intempestividade que acionem em nós a capacidade de sentir, pensar e agir que sejam contíguos.

foto: Alex Hermes Diálogos que sopraram este texto: BIENAL INTERNACIONAL DE DANÇA DO CEARÁ. Desfazer hábitos para liberar o imaginário. In: OLHARCE – A Revista de Dança do Ceará. Ano I, Nº 1, p. 62, Dez/2008. [O trecho citado diz respeito a um trecho não publicado da entrevista] GIL, José. Movimento Total: o corpo e a dança. São Paulo: Iluminuras, 2004. KATZ, Helena. O coreógrafo como DJ. In: PEREIRA, Roberto e SOTER, Silvia (Orgs.). Lições de Dança 1. 2ª edição. Rio de Janeiro: UniverCidade Editora, 2006. OSÓRIO, Luiz Camillo. Razões da crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005
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Cia. Vitrola Quântica estréia She's Lost Control

No SESC Consolação haverá a estreia no dia 15 de setembro do espetáculo de dança contemporânea She’s Lost Control com a Companhia Vitrola Quântica. De 15 a 18 de setembro de 2009. Terça, quarta, quinta e sexta, às 21h. Duração: 50 minutos.Local: Espaço Beta – 3º andar – 50 lugaresPreços: R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, meia); R$ 2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). Ingressos à venda nas unidades do SESC e CineSESC.Horário de funcionamento bilheteria SESC Consolação: de segunda a sexta-feira, das 12h às 22h. Sábados, das 9h às 21h. Domingos, das 14h às 19h.SESC ConsolaçãoRua Dr.Vila Nova, 245Tel: 3234-3000Continuaremos a nossa temporada também nos teatros:Galeria OlidoAvenida São João, 473 - Sala Paissandu - Tel. 3334-0001 -De quinta à sábado 20hs, e domingo às 19hs.Viga Espaço CênicoR. Capote Valente, 1323 - Tel. 3801-1843(6, 7, 13, 14, 20 e 21, as 21hs de outubro).Este é o mais recente trabalho da companhia, She’s Lost Control que tem como tema central a perda de controle, abordada sob a seguinte perspectiva: o controle enquanto equilíbrio e o descontrole enquanto desequilíbrio.She’s Lost Control é o nome de uma música da banda de rock inglesa Joy Division, que serviu de inspiração para nomear o espetáculo. A letra da música fala de uma mulher fora de controle. O autor da letra, Ian Curtis, vocalista da banda, escreveu a letra após observar uma mulher passando por um ataque epilético. Ele também sofria desta doença e suicidou-se aos 23 anos, em Manchester, na década de 1980. A companhia realizou pesquisas em obras na psicanálise, na filosofia e na literatura, de modo a encontrar palavras que auxiliassem na criação coreográfica.Assim, foram trabalhados: o ensaio inédito A Música do Tempo Infinito, do psicanalista Tales Ab’Saber (que fala sobre a perda de controle na noite, nas boates, na balada, nas drogas, na música); o romance O Idiota, de Fiódor Dostoievski (que tem descrições impressionantes da epilepsia, que é a doença que inspirou a canção); a série de livros Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust (que descreve o descontrole ligado à memória involuntária); e os ensaios filosóficos de Walter Benjamin sobre a modernidade (que abordam a falta de controle dentro da vida urbana).Um trecho do ensaio de Tales Ab’Saber - “Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais de fato pode começar a qualquer momento (...) Lá todos os tempos se estendem, e noite e dia se transformam em outra coisa(...)”. - foi traduzido criativamente para uma atmosfera que permeia todo o espetáculo: uma casa noturna que nunca fecha, uma festa que jamais termina, uma experiência diferenciada do tempo, uma visão alucinógena do dia e da noite misturados, um ponto da busca da felicidade que pode converter-se em seu oposto, assim por diante. Mas não foi somente nos textos que a Cia. Vitrola Quântica foi à procura de inspiração para a dança.A perspectiva interdisciplinar é um dos eixos estruturadores do trabalho, e por isso a companhia procurou por parcerias com renomados artistas e pensadores brasileiros. José Miguel Wisnik (músico e ensaísta), o coletivo Bijari (grupo de artistas especializados em intervenções urbanas), Eduardo Climachauska (artista plástico), Olgaria Matos (filósofa), Instituto (coletivo de produtores musicais) são alguns dos nomes que freqüentaram os ensaios e tiveram participação importante no processo criativo. Uma interdisciplinaridade que está no processo e também na própria concepção, uma vez que o espetáculo é dirigido por uma bailarina (Julia Abs) e um cineasta (Daniel Augusto).
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EXERCÍCIO DO ID

Desde 2007 Tatiana Valente e Maurileni Moreira integrantes da companhia de dança contemporânea PONTO DANÇA vem desenvolvendo uma pesquisa em dança, a qual consiste em absorver movimentações, comportamentos e gestos em mulheres que assistem televisão por mais de 5 horas por dia e sejam moradoras de locais violentos. Mesclando a corpos construidos, os nossos, com técnicas de artes maciais( capoeira e jiu jitsu) e aliados a estudos sobre a televisão tentar construir um exercicio em dança e posteriormente um espetáculo de dança contemporanea. Esta pesquisa foi contemplada pelo IV EDITAL DAS ARTES DA SECULT. Neste momento temos um exercício que chamamos de EXERCÍCIO DO ID o qual é mais uma tentativa de imaginar o inimaginável que é a construção do imaginário individual e o reflexo disso nos corpos-expectadores a partir do contato com a enxurrada de informações emitidas pela TEVÊ. "ESTE PROJETO É APOIADO PELA LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA - Nº13.811, DE 16 DE AGOSTO DE 2006." INTÉRPRETES-CRIADORAS: Tatiana Valente e Maurileni Moreira FOTOS: Alex Hermes Estréia: Teatro Sesc-Iracema Dia 10-03-2009 às 20hs no PROJETO TERÇA SE DANÇA. entrada r$1,0, r$2,0
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